
"Poker Face", de Lady Gaga, atingiu um milhão de audições no Spotify mas terá, alegadamente, gerado retorno de apenas 122 euros para a cantora. Em Portugal foi recentemente lançado um serviço semelhante, o MyWay.
Segundo a associação britânica de compositores e autores, o serviço de música em streaming Spotify não tem cumprido as suas obrigações para com os artistas. A BASCA (British Academy of Songwriters, Composers and Authors) alega, através do seu presidente Patrick Rackow, que os métodos de distribuição de rendimentos no Spotify são "duvidosos", e evidenciam "pouca transparência na distribuição dos lucros". A empresa tem-se recusado a divulgar os números dos contratos com as editoras, e por isso Rackow avisa que a situação pode gerar um "clima de medo e desconfiança" que, em última instância, prejudicará o próprio site.
O chairman da BASCA elucida: "As quantias recebidas são minúsculas. Poderá ser porque o negócio não gera rendimentos suficientes". Mas alerta que ainda "não há forma de estabelecer uma relação entre a receita gerada e as quantias que chegam aos artistas". Acusa também o Spotify de se escudar "debaixo de uma manta de segredos".
Um aspecto a ter em conta é a posição de algumas grandes editoras como accionistas no Spotify. O site distribui o seu lucro pelas mesmas que, depois de retirarem a fatia que lhes corresponde contratualmente, entregam o restante aos artistas. Indica um estudo que por cada faixa escutada, a quantia reservada ao artista/compositor ronda os 0,12 cêntimos, o que redunda em cerca de 122 euros por um milhão de clicks .
A empresa já se defendeu, alegando que o site está em plena expansão, e que num futuro próximo esses ganhos adicionais chegarão aos artistas. Paul Brown, vice-presidente, reage às críticas: "a acusação de que o Spotify não se preocupa e não paga o devido aos artistas desaponta-nos, e deprime-nos porque estamos a fazer um esforço para criar um negócio sustentável que compensará todos os envolvidos, em especial compositores e artistas".
A mecânica do Spotify é simples: através de uma barra de pesquisa, consulta-se uma gigantesca base de dados musical, podendo ouvir faixas gratuitamente (sem a possibilidade de as transferir) com publicidade intercalada, no caso da modalidade gratuita. Existe um plano paralelo, de subscrição mensal de 9,99 libras (€11,40), que permite o acesso à música sem qualquer publicidade e numa qualidade superior de audição. O programa conta hoje com mais de sete milhões de subscritores - 300 mil dos quais pagam a quota mensal.
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