quinta-feira, 15 de abril de 2010

Artistas indignados com Spotify, serviço de streaming de música de livre acesso



"Poker Face", de Lady Gaga, atingiu um milhão de audições no Spotify mas terá, alegadamente, gerado retorno de apenas 122 euros para a cantora. Em Portugal foi recentemente lançado um serviço semelhante, o MyWay.


Segundo a associação britânica de compositores e autores, o serviço de música em streaming Spotify não tem cumprido as suas obrigações para com os artistas. A BASCA (British Academy of Songwriters, Composers and Authors) alega, através do seu presidente Patrick Rackow, que os métodos de distribuição de rendimentos no Spotify são "duvidosos", e evidenciam "pouca transparência na distribuição dos lucros". A empresa tem-se recusado a divulgar os números dos contratos com as editoras, e por isso Rackow avisa que a situação pode gerar um "clima de medo e desconfiança" que, em última instância, prejudicará o próprio site.

O chairman da BASCA elucida: "As quantias recebidas são minúsculas. Poderá ser porque o negócio não gera rendimentos suficientes". Mas alerta que ainda "não há forma de estabelecer uma relação entre a receita gerada e as quantias que chegam aos artistas". Acusa também o Spotify de se escudar "debaixo de uma manta de segredos".

Um aspecto a ter em conta é a posição de algumas grandes editoras como accionistas no Spotify. O site distribui o seu lucro pelas mesmas que, depois de retirarem a fatia que lhes corresponde contratualmente, entregam o restante aos artistas. Indica um estudo que por cada faixa escutada, a quantia reservada ao artista/compositor ronda os 0,12 cêntimos, o que redunda em cerca de 122 euros por um milhão de clicks .

A empresa já se defendeu, alegando que o site está em plena expansão, e que num futuro próximo esses ganhos adicionais chegarão aos artistas. Paul Brown, vice-presidente, reage às críticas: "a acusação de que o Spotify não se preocupa e não paga o devido aos artistas desaponta-nos, e deprime-nos porque estamos a fazer um esforço para criar um negócio sustentável que compensará todos os envolvidos, em especial compositores e artistas".

A mecânica do Spotify é simples: através de uma barra de pesquisa, consulta-se uma gigantesca base de dados musical, podendo ouvir faixas gratuitamente (sem a possibilidade de as transferir) com publicidade intercalada, no caso da modalidade gratuita. Existe um plano paralelo, de subscrição mensal de 9,99 libras (€11,40), que permite o acesso à música sem qualquer publicidade e numa qualidade superior de audição. O programa conta hoje com mais de sete milhões de subscritores - 300 mil dos quais pagam a quota mensal.

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